Sobrevivência diferencial das coortes do marsupial Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) nascidos em um mesmo evento reprodutivo

Autores

  • Renatha Cardoso da Silva UVA

DOI:

https://doi.org/10.32673/bjm.vi90.60

Resumo

A reprodução sazonal é um aspecto comum na história de vida dos marsupiais americanos e australianos e já foi relacionada à variação na temperatura, disponibilidade de recursos no ambiente e fotoperíodo. Didelphis aurita é um marsupial neotropical que possui reprodução sazonal em que os indivíduos podem apresentar até dois estros durante a estação reprodutiva, produzindo duas coortes de indivíduos que irão desmamar aproximadamente 100 dias após o nascimento. Nestes ambientes sazonais, a disponibilidade de recursos no ambiente é heterogênea ao longo do ano, sendo maior na estação chuvosa. Dessa forma, as condições ambientais ao longo do ano podem diferir entre o primeiro e segundo pico de nascimento dos filhotes, refletindo na sobrevivência dos filhotes desmamados. Neste estudo foi avaliada a sobrevivência diferencial entre filhotes de D. aurita nascidos no primeiro (julho a outubro) e segundo (novembro a fevereiro) eventos reprodutivos. O estudo foi desenvolvido ao longo de 22 anos, na localidade Garrafão, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, estado do Rio de Janeiro. Fêmeas capturadas com filhotes no marsúpio foram pesadas e os filhotes foram identificados com corte de falange distal. A sobrevivência aparente e a taxa de recaptura foram estimadas no programa MARK. Foram criados 16 modelos que variavam entre sexo, coorte e massa materna (8 - probabilidade de recaptura e 8 - sobrevivência). Foram marcados 1.082 filhotes, totalizando 160 ninhadas. A sobrevivência variou entre sexos, coortes e massa materna, apresentando maiores taxas para fêmeas e coorte 1 (F1 = 0,702 ± 0,041; F2 = 0,592 ± 0,042; M1 = 0,630 ± 0,051; M2 =0,428±0,051) e efeito positivo da massa materna (β = 0,120; IC = 0,00; 0,279). A taxa de recaptura foi três vezes maior na coorte 2 (0,262 ± 0,040), comparada à coorte 1 (0,076 ± 0,015). Os resultados corroboraram com a hipótese de sobrevivência diferencial entre coortes e sexo. Filhotes nascidos na primeira coorte desmamam em um período com maior abundância de recursos e menor densidade populacional, favorecendo sua sobrevivência. Apesar de existirem estudos avaliando a sobrevivência de marsupiais, incluindo o gênero Didelphis, ainda não havia um que abordasse a sobrevivência diferencial das coortes nascidas em um mesmo evento reprodutivo.

Referências

Trabalho de Conclusão de Curso

Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Veiga de Almeida, RJ

Orientadora: Dra. Mariana Silva Ferreira (UVA)

Data da defesa: 02 de dezembro de 2019

Bolsista Fundo Newton (CNPQ-CAPES-PELD)

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Publicado

2021-12-31

Como Citar

Silva, R. C. da. (2021). Sobrevivência diferencial das coortes do marsupial Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826) nascidos em um mesmo evento reprodutivo. Brazilian Journal of Mammalogy, (90), e90202160. https://doi.org/10.32673/bjm.vi90.60

Edição

Seção

Resumos de dissertações, teses e trabalhos de conclusão de curso