A coleta de mamíferos encontrados mortos e o aproveitamento em coleções científicas

Autores

  • Martín Roberto del Valle Alvarez Coleção de Mamíferos “Alexandre Rodrigues Ferreira” (CMARF), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, BA, Brasil
  • Diogo Loretto Bicho do Mato Meio Ambiente Ltda.

DOI:

https://doi.org/10.32673/bjm.vie90.39

Palavras-chave:

Biossegurança, Ciência comunitária, Coleções científicas, Conservação, Legislação ambiental

Resumo

Atualmente é muito popular a chamada “Ciência Cidadã” ou “Ciência Comunitária”, que é uma forma de fazer ciência baseada na participação informada, consciente e voluntária de pessoas leigas que geram grandes quantidades de dados, compartilham essas informações, e seu uso pode ser expandido por cientistas de todo o mundo. Perdemos milhões de animais no Brasil todos os anos, por exemplo, atropelados em estradas. Este é um grande prejuízo para nosso meio ambiente, e não poder aproveitar estes animais que, infelizmente, foram mortos é uma segunda perda para a sociedade. Esta contribuição massiva também pode ser uma forma de expandir coleções científicas e o conhecimento por elas geradas. Este ensaio tem como objetivo estimular, orientar e divulgar boas práticas de coleta e uso científico de material biológico de mamíferos silvestres encontrados mortos por biólogos, mas também por outras pessoas, levando em consideração aspectos legais, práticos e de biossegurança para os coletores. Apresentamos orientações práticas para a realização de coletas ocasionais com qualidade e segurança, além de uma lista não exaustiva de instituições aptas a receber esses animais. Com a utilização desse guia simplificado, podemos compensar essa perda em pelo menos três aspectos: engajando e promovendo empatia da sociedade, gerando conhecimento e conservando a biodiversidade.

Referências

Abra FD, Huijser MP, Magioli M, Bovo AAA, Ferraz KMPMB. 2021. An estimate of wild mammal roadkill in São Paulo state, Brazil. Heliyon 7: e06015. https://doi.org/10.1016/j.heliyon.2021.e06015.

Audubon Center at Debs Park. 2018. Why We’re Changing From ‘Citizen Science’ to ‘Community Science’. Disponível em: https://debspark.audubon.org/news/why-were-changing-citizen-science-community-science. Acessado em: 10 de dezembro de 2021.

Barreira JD, Mares-Guia MAMM, Moreira NS. 2014. Trabalho de campo: a importância de conhecer a distribuição dos principais ectoparasitas no Brasil. Pp. 79–90, In: Lemos ERS, D’Andrea PS (Eds). Trabalho de campo com animais: procedimentos, riscos e biossegurança. 1ª edição. Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ.

Basile M, Russo LF, Russo VG, Senese A, Bernardo N. 2021. Birds seen and not seen during the COVID-19 pandemic: The impact of lockdown measures on citizen science bird observations. Biological Conservation 256: 109079. https://doi.org/10.1016/j.biocon.2021.109079.

Bonney R, Cooper CB, Dickinson J, Kelling S, Phillips T, Rosenberg KV, Shirk J. 2009. Citizen science: A developing tool for expanding science knowledge and scientific literacy. BioScience 59: 977–984. https://doi.org/10.1525/bio.2009.59.11.9.

Bonney R, Phillips TB, Ballard HL, Enck JW. 2016. Can citizen science enhance public understanding of science? Public Understanding of Science 25: 2–16. https://doi.org/10.1177/0963662515607406.

Braz Sousa L, Fricker SR, Doherty SS, Webb CE, Baldock KL, Williams CR. 2020. Citizen science and smartphone e-entomology enables low-cost upscaling of mosquito surveillance. Science of the Total Environment 704: 135349. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2019.135349.

Canter E. 2019. Why we are changing “Citizen Science” to “Community Science”. Disponível em: https://gsmit.org/why-we-are-changing-citizen-science-to-community-science/. Acessado em: 10 de dezembro de 2021.

CBEE - Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas. 2019. Sistema Urubu. Disponível em: https://sistemaurubu.com.br/. Acessado em: 10 de dezembro de 2021.

CBEE - Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas. 2021. Lavras, MG, Brasil. Disponível em: https://ecoestradas.com.br/. Acessado em: 10 de dezembro de 2021.

CFBio – Conselho Federal de Biologia. 2019. Resolução no 526, de 04 de setembro de 2019. Dispõe sobre a atuação do Biólogo no manejo, gestão, pesquisa e conservação in situ da fauna e de substâncias oriundas de seu metabolismo, e dá outras providências. 1-8. Brasília - DF, Brasil. Disponível em Página 102 do Diário Oficial da União - Seção 1, número 185, de 24/09/2019 - Imprensa Nacional. Acessado em: 10 de dezembro de 2021.

Chame M, Barbosa HJC, Gadelha L, Augusto DA, Krempser E, Abdalla L. 2015. Sistema de Informação em Saúde Silvestre - SISS-Geo. Pp 72–87. In: Salgado AC, da Motta CLR, Santoro FM (Eds). Grandes Desafios da Computação no Brasil. Sociedade Brasileira de Computação, Porto Alegre, RS.

Chyn K, Lin TE, Chen YK, Chen CY, Fitzgerald LA. 2019. The magnitude of roadkill in Taiwan: Patterns and consequences revealed by citizen science. Biological Conservation 237: 317–326. https://doi.org/10.1016/j.biocon.2019.07.014.

CPB/ICMBio, CENAP/ICMBio, CNPT/ICMBio, CBC/ICMBio, RAN/ICMBio, CEPTA/ICMBio. 2020. Recomendações Biodiversidade & Covid-19: Orientações sobre uso público e pesquisa científica em unidades de conservação e outros ambientes naturais. Brasília, DF, Brasil.

Damásio L, Ferreira LA, Pimenta VT, Paneto GG, dos Santos AR, Ditchfield AD, Bergallo HG, Banhos A. 2021. Diversity and Abundance of Roadkilled Bats in the Brazilian Atlantic Forest. Diversity 13: 335. https://doi.org/10.3390/d13070335.

Donnelly-Greenan EL, Nevins HM, Harvey JT. 2019. Entangled seabird and marine mammal reports from citizen science surveys from coastal California (1997–2017). Marine Pollution Bulletin 149: 110557. https://doi.org/10.1016/j.marpolbul.2019.110557.

Dunnum JL, McLean BS, Dowler RC, Alvarez-Castañeda ST, Bradley JE, Bradley RD, Carraway LN, Carrera-E JP, et al. 2018. Mammal collections of the Western Hemisphere: A survey and directory of collections. Journal of Mammalogy 99: 1307–1322. https://doi.org/10.1093/jmammal/gyy151.

Eastman L, Hidalgo-Ruz V, Macaya V, Nuñez P, Thiel M. 2014. The potential for young citizen scientist projects: a case study of Chilean schoolchildren collecting data on marine litter. Revista de Gestão Costeira Integrada 14: 569–579. http://dx.doi.org/10.5894/rgci507.

Grilo C, Coimbra MR, Cerqueira RC, Barbosa P, Dornas RAP, Gonçalves LO, Teixeira FZ, Coelho IP, et al. 2018. BRAZIL ROAD-KILL: a data set of wildlife terrestrial vertebrate road-kills. Ecology 0: 1420508. https://doi.org/10.1002/ecy.2464.

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2014. Instrução Normativa no 03, de 01 de setembro de 2014. Fixa normas para a utilização do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade - SISBio, na forma das diretrizes e condições previstas nesta Instrução Normativa, e regulamenta a disponibilização, o acesso e o uso de dados e informações recebidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade por meio do SISBio. Pp 15. Brasilia, DF, Brasil. Disponível em: (INSTRUÇÃO NORMATIVA ICMBio Nº 3 DE 2014 _com retificação do DOU18062015). Acessado em: 10 de dezembro de 2021.

INaturalist. 2021. INaturalist. San Francisco, CA, EUA. Disponível em: https://www.inaturalist.org/. Acessado em: 10 de dezembro de 2021.

Irwin A. 1995. Citizen Science: A Study of People, Expertise and Sustainable Development. 1st edition. Routledge, London, England.

Irwin A. 2018. Citizen Science comes of age. Nature 562:480–482. Disponível em: d41586-018-07106-5.pdf (nature.com). Acessado em: 10 de dezembro de 2021.

Jordan RC, Sorensen AE, Ladeau S. 2017. Citizen Science as a Tool for Mosquito Control. Journal of the American Mosquito Control Association 33: 241–245. https://doi.org/10.2987/17-6644r.1.

Lemos ERS, D’Andrea PS. 2014. Trabalho de Campo com Animais: procedimentos, riscos e biossegurança. FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ.

Lemos ERS, Lamas CDC. 2014. Doenças de importância para os profissionais que manuseiam animais: distribuição por estados no Brasil. Pp 35–44, In Lemos ERS, D’Andrea PS. 2014. Trabalho de Campo com Animais: procedimentos, riscos e biossegurança. 1ª edição. Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ.

Lissovsky AA, Sheftel BI, Stakheev VV, Ermakov OA, Smirnov DG, Glazov DM, Strelnikov DP, Ekonomov AV, et al. 2018. Creating an integrated information system for the analysis of mammalian fauna in the Russian Federation and the preliminary results of this information system. Russian Journal of Theriology 17: 85–90. https://doi.org/10.15298/rusjtheriol.17.2.04.

Périquet S, Roxburgh L, le Roux A, Collinson WJ. 2018. Testing the value of citizen science for roadkill studies: A case study from South Africa. Frontiers in Ecology and Evolution 6: 1–9. https://doi.org/10.3389/fevo.2018.00015.

Pernat N, Kampen H, Jeschke JM, Werner D. 2021. Citizen science versus professional data collection: Comparison of approaches to mosquito monitoring in Germany. Journal of Applied Ecology 58: 214–223. https://doi.org/10.1111/1365-2664.13767.

Reed MS. 2008. Stakeholder participation for environmental management: A literature review. Biological Conservation 141: 2417–2431. https://doi.org/10.1016/j.biocon.2008.07.014.

Sneha Chandran BK, Shrinivaasu S, Ravinesh R, Robert P, Aneesha AB, Biju Kumar A. 2017. Opisthobranch (Mollusca: Gastropoda) fauna of Kerala, India: A citizen science initiative. Journal of the Marine Biological Association of India 59: 49–58. http://dx.doi.org/10.6024/jmbai.2017.59.1.1970-08.

Takenami I, Palácio MAV, Oliveira PRS. 2021. COVID-19 & Ciência: O valor do conhecimento em tempos de pandemia. Research, Society and Development 10: e49010515120. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i5.15120.

The Monarch Joint Venture. 2020. Shifting Language: From Citizen Science to Community Science. Disponível em: https://monarchjointventure.org/blog/were-changing-the-language-we-use-to-talk-about-public-participation-in-scientific-research. Acessado em: 10 de dezembro de 2021.

Downloads

Publicado

2021-12-31

Como Citar

Alvarez, M. R. del V., & Loretto, D. (2021). A coleta de mamíferos encontrados mortos e o aproveitamento em coleções científicas. Brazilian Journal of Mammalogy, (e90), e90202139. https://doi.org/10.32673/bjm.vie90.39