Quais os efeitos das mudanças climáticas sobre a abundância do marsupial Marmosops incanus?
DOI:
https://doi.org/10.32673/bjm.vi92.93Resumen
As mudanças climáticas são um dos maiores problemas do século XXI, sendo uma ameaça ao equilíbrio ambiental, já que ela atinge todos os diferentes níveis da biodiversidade. As mudanças no clima podem também alterar os níveis de precipitação e causar variações na temperatura, levando a alterações nas distribuições dos biomas, o que pode ocasionar mudanças na abundância das espécies. Os marsupiais são animais sensíveis às transformações em seus habitats e muitas espécies são dependentes de ambientes florestais. Dessa forma, a espécie de marsupial Marmosops incanus, endêmica da Mata Atlântica, se mostra como um bom organismo para realizar estudos de modelagem preditiva para, assim, avaliar os efeitos das mudanças climáticas sobre a variação na abundância dessa espécie. Este estudo teve como objetivo verificar como as mudanças climáticas podem afetar a abundância potencial de Marmosops incanus na Mata Atlântica. Os dados de abundância relativa da espécie foram obtidos a partir de banco de dados e revisão da literatura e os modelos de projeções de cenários das mudanças climáticas foram baseados no Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas para o período 2061-2080. Nossos resultados indicam que a espécie poderá perder parte das áreas onde é abundante atualmente. As áreas propícias ao aumento potencial de abundância para M. incanus localizam-se principalmente na região sul de Minas Gerais e a diminuição se concentra nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, locais onde atualmente a espécie é considerada abundante. As novas áreas propícias ao ganho potencial de abundância podem representar um desafio para a sobrevivência de M. incanus, já que a Mata Atlântica, atualmente, é um mosaico que apresenta poucas áreas consideradas extensas, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Contudo, a área menos propícia de apresentar locais adequados para ganho potencial de abundância é a região de Minas Gerais, uma vez que a Mata Atlântica neste estado possui apenas 7% da sua cobertura original. Um fator favorável para M. incanus é que as áreas com clima adequado para o aumento potencial de abundância são consideravelmente próximas às áreas onde atualmente ela é abundante, podendo, assim, facilitar sua adaptação e dispersão para esses novos locais, já que ela pode alcançar essas áreas mais facilmente do que locais mais distantes. Desse modo, esse estudo pode contribuir para medidas de conservação, auxiliando na criação de planos de mitigação frente aos possíveis efeitos das mudanças climáticas sobre esta espécie de marsupial endêmica da Mata Atlântica.
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