Chamado pelo futuro da conservação: um protocolo para o monitoramento acústico passivo de pequenos primatas florestais
DOI:
https://doi.org/10.32673/bjm.vie92.122Palavras-chave:
Comunicação acústica, Detecção de espécies, Gravadores remotos, Leontopithecus chrysopygus, Monitoramento da biodiversidadeResumo
A falta de informação sobre a distribuição e ocupação das espécies é uma lacuna importante para os programas de conservação da biodiversidade. Embora diversas técnicas tenham sido empregadas para detectar espécies, o monitoramento de populações em grandes escalas espaciais e temporais continua sendo um desafio. O monitoramento acústico passivo (MAP) surgiu como um método de baixo custo e não invasivo para avaliar a biodiversidade. Para primatas não humanos, o MAP tem sido empregado de maneira efetiva para investigar espécies ameaçadas, incluindo o monitoramento de populações e seus aspectos comportamentais, como o uso do território. Várias abordagens utilizando o MAP para a avaliação de primatas têm sido usados, mas ainda não existe um método para desenvolver um protocolo, especialmente para pequenos primatas arborícolas. Aqui, desenvolvemos um protocolo para monitoramento acústico de primatas arborícolas utilizando como modelo o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), espécie ameaçada e endêmica da Mata Atlântica brasileira. Nós investigamos duas populações restritas a dois fragmentos florestais na região do Pontal do Paranapanema, oeste de São Paulo, Brasil. Os resultados obtidos a partir de um protocolo aqui proposto foram comparados com detecções em dados coletados através de gravadores autônomos distribuídos aleatoriamente nas mesmas áreas pelo projeto “Sounds of Atlantic Forest” do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas. Nossos resultados destacam o potencial do MAP para monitorar de forma eficaz pequenos primatas arborícolas, contribuindo para a detecção de uma espécie ameaçada em fragmentos onde era anteriormente desconhecida e apoiando esforços de conservação em florestas tropicais.
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